segunda-feira, 21 de março de 2011

Um poema + uma árvore = Primavera

Quando vier a Primavera,
   Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
   E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
   A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme

 
   Ao pensar que a minha morte não tem      importância nenhuma.
   Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
   Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.


    Se esse é o seu tempo, quando havia ela de  vir senão no seu tempo?

   Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
   E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.

 
     Por isso, se morrer agora, morro contente,
        Porque tudo é real e tudo está certo.
      Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
         Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
      Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
          O que for, quando for, é que será o que é.

    (Alberto Caeiro)


4 comentários:

OutrosEncantos disse...

oh Miguel, Caeiro é Grande, mas devo dizer-te que... essa Árvore, só por si, já é verdadeira Poesia!

adorei o teu post, essa Árvore é um poema!
beijos.:)

Miguel Pestana disse...

obrigado Maria ;)

Anónimo disse...

bonita conjunção de imagem e palavras!!

O titulo do seu post está excelente!!

Anónimo disse...

Adoro Alberto Caeiro.
E adoro este poema!O título do seu post está muito bem!