quinta-feira, 26 de maio de 2011

Poema 20 - Pablo Neruda

POEMA 20

Posso escrever os versos mais tristes esta noite
Escrever por exemplo:
A noite está fria e tiritam, azuis, os astros à distância
Gira o vento da noite pelo céu e canta
Posso escrever os versos mais tristes esta noite
Eu a quiz e por vezes ela também me quiz
Em noites como esta, apertei-a em meus braços
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito
Ela me quiz e as vezes eu também a queria
Como não ter amado seus grandes olhos fixos ?
Posso escrever os versos mais lindos esta noite
Pensar que não a tenho
Sentir que já a perdi
Ouvir a noite imensa mais profunda sem ela
E cai o verso na alma como orvalho no trigo
Que importa se não pode o meu amor guardá-la ?
A noite está estrelada e ela não está comigo
Isso é tudo
A distância alguém canta. A distância
Minha alma se exaspera por havê-la perdido
Para tê-la mais perto meu olhar a procura
Meu coração procura-a, ela não está comigo
A mesma noite faz brancas as mesmas árvores
Já não somos os mesmos que antes havíamos sido
Já não a quero, é certo
Porém quanto a queria !
A minha voz no vento ia tocar-lhe o ouvido
De outro. será de outro
Como antes de meus beijos
Sua voz, seu corpo claro, seus olhos infinitos
Já não a quero, é certo,
Porém talvez a queira
Ah ! é tão curto o amor, tão demorado o olvido
Porque em noites como esta
Eu a apertei em meus braços,
Minha alma se exaspera por havê-la perdido
Mesmo que seja a última esta dor que me causa
E estes versos os últimos que eu lhe tenha escrito.

Pablo Neruda

(in, Vinte poemas de amor e uma canção desesperada)



domingo, 22 de maio de 2011

«Siddartha», de Hermann Hesse

 
As páginas deste pequeno grande livro são recheadas de frases de extensa sabedoria, escritas numa linguagem simples, mas de digestão lenta. Siddartha é o portador destes ensinamentos. 

Siddartha é um buscador da plenitude interior e exterior, mas ao mesmo tempo não é seu objectivo a busca, mas sim o seu caminho, no qual advirá os percalços, as pedras a meio do caminho.

Ele quis experimentar o bom e o mau da vida, com consciência plena e não por acaso. Pois só passando por estes dois estados é que poderia saborear a vida tal como ela é.

Na vida temos de experimentar tudo para crescermos: o bom e o mau. A nossa vida é feita de escolhas, perdas e ganhos, vitórias e derrotas, riso e choro, e tudo surge por um motivo e neste livro estas ideias estão claras.

Quando chegamos ao fundo do poço é que tomamos noção da estabilidade física e emocional a que sempre estivemos acostumados e não dávamos valor.

Estas páginas estão cheias de filosofia zen, não sendo um livro a que todo o tipo de leitor se identifique.

Um livro que desperta o mais profundo do nosso ser! Deve ser lido em plena quietude e em silêncio.

Leitura a reler, sem dúvida.


«A maior parte das pessoas são como uma folha que cai, que flutua ao vento, que hesita e que caí no chão. Mas há outros, poucos, que são como estrelas, que seguem um rumo firme, nenhum vento os afecta, têm dentro de si as suas leis e o seu rumo.»

domingo, 15 de maio de 2011

Rapariga com brinco de pérola - O Livro e o Filme

O LIVRO


Sinopse:
No século XVII, em Delft, uma próspera cidade holandesa, tudo tinha uma ordem pré-estabelecida. Ricos e pobres, católicos e protestantes, patrões e criados, todos sabiam o seu lugar. Quando Griet foi trabalhar na casa do pintor Johannes Vermeer, pensou, por isso, que conhecia o seu papel: fazer a lida doméstica e tomar conta dos seis filhos do pintor. 
Ninguém esperava, porém, que as suas maneiras delicadas, a sua perspicácia e o fascínio demonstrado pelas pinturas do mestre a arrastariam inexoravelmente para o mundo dele.



Opinião:
"Rapariga com brinco de pérola" é um romance histórico passado em Delft, na Holanda, no século XVII.
É uma possível história que poderia estar detrás do célebre e enigmático quadro pintado por Johannes Vermeer, um pintor conhecido da Época de Ouro Holandesa.
Griet vê-se forçada a trabalhar como criada na casa do pintor, pois a sua família cai em miséria.
A jovem de dezassete anos é bonita, tímida, mas muito trabalhadora.Esta ao deparar-se num ambiente envolto em arte, fica fascinada pelas pinturas do mestre e assim nasce uma intimidade crescente entre ela e o seu amo.
Achei este livro muito fascinante. Primeiro porque sou um amante da arte, da pintura em especial e neste livro a autora, Tracy Chevalier relata detalhadamente como na época, em 1665 se fabricava e preparavam as tintas, através dos pigmentos e da moição de ossos e das misturas e técnicas que usavam.
Depois o ambiente social da época, a descrição das ruas, das indumentárias, de objectos e de instrumentos da época, tais como o alaúde e o cravo (o cravo foi o ante-sucessor do piano) estão eximiamente bem retratados.
Gostei em particular da personagem Cornelia, uma das filhas do pintor, que prima pelos seus actos maldosos e premeditados.Griet dá-lhe dois estalos durante o livro, um no inicio e outro no final. São cenas em que o leitor é apanhado desprevenido. Achei fabuloso.

É um livro muito bem escrito, que até consegui sentir o cheiro do óleo de linhaça e a tinta fresca!
Aliais, quase que me deu vontade de ir buscar todo o material de pintura que tenho guardado e começar a pintar!


O FILME

Trailer
Opinião:
Após terminar a leitura vi logo o filme.
Há cenas e uma sofistificação visual no filme que no livro não é possível reter.Temos a cidade holandesa de Delft em pano de fundo e conseguimos ter uma noção real do quotidiano, dos figurinos e dos quadros pintados por Vermeer.
No filme é o actor Colin Firth que interpreta o pintor.A actriz Scarlett Johansson destaca-se por um soberbo desempenho nas vestes de Griet, a criada.Foi precisamente a imagem de Griet que contive do livro que vislumbrei no filme, o que achei muito bem conseguida esta adaptação do livro para o ecrã.
Mas claro, o livro é muito melhor que o filme.Ainda não comprovei nenhum caso ao inverso!



Curiosidades:
¥ Johannes Vermeer (Delft, 31 de Outubro de 1632 - Delft, 15 de Dezembro de 1675) foi um pintor holandês, que também é conhecido como Vermeer de Delft ou Johannes van der Meer.

Vermeer viveu toda a sua vida na sua terra natal, onde está sepultado na Igreja Velha (Oude Kerk) de Delft.

É o segundo pintor holandês mais famoso e importante do século XVII (um período que é conhecido por Idade de Ouro Holandesa, devido às espantosas conquistas culturais e artísticas do país nessa época), depois de Rembrandt. Os seus quadros são admirados pelas suas cores transparentes, composições inteligentes e brilhante com o uso da luz.

¥ Para ver todas as obras de Vermeer clica aqui

¥ Tracy Chevalier nasceu em 1962 em Washington, mas mudou-se para Londres em 1984. Foi editora de livros de referência, mas trocou o emprego pelo mestrado em Escrita Criativa, em Norwich, Inglaterra. Foi nesse ano que começou a escrever o seu primeiro romance, The Virgin Blue. É ainda autora de Rapariga com Brinco de Pérola, A Dama e o Unicórnio e Quando os Anjos Caem. Vive com o marido e o filho em Londres.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Assim nasceu o dia..

Hoje
acordei ouvindo o som da chuva
caindo na minha janela.

Aproximei-me e vi luzes faiscando
sobre um crepúsculo azulado.

Eram raios..

Não!
Eram as minhas raízes..

miGuel pesTana

quarta-feira, 11 de maio de 2011

«Alma», de Manuel Alegre

Manuel Alegre neste livro fala da sua infância na voz de Duarte. Este devia ser o nome que o tratavam na sua meninice. As traquinices com os amigos, as primeiras descobertas da vida e do corpo, o ambiente familiar, a vizinhança, e os primeiros anos de escola são algumas memórias que Manuel Alegre partilha connosco.

“Alma”, uma quase biografia da sua infância, está escrito de uma forma liberal, realista e o autor não poupa o leitor dos seus episódios mais intimistas.

Manuel Alegre critica as diferenças sociais da época, do Estado Novo e da azáfama política que se vivia naquele tempo, de como as pessoas acompanhavam os relatos da Segunda Guerra Mundial.

Ele, com os seus 10 anos pergunta ao pai, na sua total inocência, o porquê de alguns dos seus colegas de escola não terem sapatos? O porquê de nem todos poderem continuar com os estudos?...

Alma é m livro leve, transparente, propício para quem gosta de histórias simples e sentidas.

«Muitas vezes, nas horas do exílio e da solidão, eu agarrava-me à memória.
Não sei se alguém consegue voltar de um longo exílio. Não sei se alguma vez se volta verdadeiramente a casa. Nem sei tão pouco se alguém verdadeiramente nos reconhece quando voltamos. Talvez Alma fosse a única maneira de voltar à minha terra, à minha casa, ou a mim mesmo. Talvez a única forma de finalmente ser reconhecido pelos que já cá não estão, pelos que nunca me conheceram e pelos que só assim poderão saber quem sou. Ou quem não sou. Sabe-se lá.»
Excerto da intervenção de Manuel Alegre no lançamento da 1ª edição de Alma, Águeda, 19 de Janeiro de 1996.

sábado, 7 de maio de 2011

Muitas vidas, muitos mestres - Dr. Brian Weiss


 Sei que para tudo há uma razão. Talvez na hora não tenhamos o discernimento nem a percepção para compreendê-la, porém, com tempo e paciência, ela acaba por se revelar”. (Brian Weiss).

É assim que o autor prefacia “Muitas Vidas, Muitos Mestres”, um livro onde relata detalhadamente todo o processo terapêutico que utilizou, usando a regressão a uma paciente sua, Catherine. 
É uma história verídica e que abalou a concepção científica sobre a reencarnação, que na altura (1980) era muito rígida.

Catherine revive cenas traumáticas de outras vidas e ao despojar esses episódios do seu inconsciente vê a sua saúde a estabilizar, ao longo das sessões.

Este livro fez-me pensar quantas vidas já terei reencarnado e que ser humano já fui.. e que lugares no mundo já pisei...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A Saga de um Pensador - Augusto Cury

Opinião:
O personagem principal deste romance, Marco Polo, é um pensador, um vendedor de sonhos que com a sua inteligência e eloquentes discursos poéticos, faz mudar interiormente os seres humanos, que no seu caminho são interceptados.

Marco Polo critica e desmistifica preconceitos sobre o ser humano, na área da psicologia e psiquiatria, revoluciona a mentalidade de profissionais de renome internacional, que embora estejam preparados para tratar de doenças, não estão aptos para tratar de doentes.

Este livro de Augusto Cury é daqueles que depois de o lermos, não o guardamos tão cedo na estante.
Esta história fez-me olhar para dentro e para fora noutro ângulo, num outro ponto de vista e pensar no que realmente é importante na vida.
”A saga de um pensador” alimenta o nosso bem-estar interior e exterior, mesmo quando este anda em défice.
O que nos inibe de sermos os actores principais da nossa vida?
Porque estamos a aplaudir e na plateia quando deveríamos estar no palco e a ser aplaudidos?
Qual a diferença entre um poeta e um poeta da vida?


Estas perguntas têm respostas. Descubram-nas no livro!

“Mais fortes que os homens são os pássaros. Enfrentam as tempestades nocturnas, tombam dos seus ninhos, sofrem perdas, dilaceram as suas histórias. Pela manhã têm todos os motivos para se entristecerem e reclamarem, mas cantam agradecendo a Deus por mais um dia”