sábado, 16 de fevereiro de 2013

«Visões Democráticas», de Walt Whitman

Editora: Opera Omnia
Ano de Publicação: 2012
Nº de Páginas: 146
Em 1915, no poema Saudação a Walt Whitman, Fernando Pessoa, na pessoa de Álvaro de Campos, escreveu: «(…) E cada erva, cada pedra, cada homem era para ti o Universo / (…) Nos teus poemas, a certa altura, não sei se leio ou se vivo (…)» É conhecida a extrema admiração que o poeta português nutria pelo maior poeta americano de sempre.
Uma das obras maiores da Poesia universal foi precisamente «fermentada vitaliciamente» por Whitman; Leaves of grass é o título (em Portugal a obra é conhecida por «Folhas de erva») que, inicialmente – em 1855 – era composto por 12 poemas. Até à sua morte, em 1892, Whitman apensou a essa obra, a sua magnum opus, mais três centenas de poemas que representam, segundo o próprio «a natureza física, emocional, moral, intelectual e espiritual de um homem.»
Em Visões Democráticas, Whitman descreve o seu desânimo em relação à América, decadente em valores morais, sociais, intelectuais e políticos, e aponta as directrizes de um projecto elaborado/idealizado por ele. Para este grande visionário, as artes que vigoraram na sua época, careciam de qualidade e abrangência (uma das maiores críticas apontadas pelo poeta era que a cultura era elitista; que ignorava por completo as necessidades do povo) social.
No ensaio, escrito na primeira pessoa, o principal foco de Whitman é chamar a atenção dos cidadãos americanos para a necessidade prioritária de um novo leque de literatos, pois ele afirma que a literatura da época «é profundamente artificial, demente e é mórbida, mesmo na sua alegria.» (p. 120)
A literatura, no pensar do poeta, «impregnava tudo», «moldava os indivíduos», «constrói, sustenta e destrói tudo». É por isso que o nascimento de uma literatura nacional era indispensável para a mudança, em benefício para as pessoas. Se bem que o significado da palavra democracia estivesse pouco enraizada na sociedade, aquando da publicação desta obra, Whitman considerava a igualdade [cultural] tão essencial como a democracia, i.e., acessível e praticável.
Visões emancipadoras, pioneiras para o seu tempo, mas tão emergentes para uma época americana que necessitava de novos rumos. Um livro com ideais que permanecerão sempre actuais. Um livro que deve fazer parte de qualquer biblioteca.
Para finalizar, duas citações que constam em Visões Democráticas, um livro publicado pela editora Opera Omnia:
«A verdadeira pergunta a ser feita, em relação a um livro, é: Ajudou ele alguma alma humana? É este o aviso, a asserção, não só do grande literato e do seu livro, mas de todo o grande artista.» (p. 124)
«Os livros deverão ser solicitados e fornecidos, partindo do princípio de que o processo da leitura não é algo só semiconsciente, mas consciente no seu sentido mais elevado, um exercício, um grande esforço de atleta; algo que o leitor deverá fazer por si próprio (…) Não é que o livro necessite sequer algo completo, mas que o leitor do livro o complete.» (p. 130)

1 comentário:

patricia dias disse...

O escritor de "O Diário da nossa paixão":)