segunda-feira, 31 de março de 2014

«Colheita», de Jim Crace

Data de Publicação: 18/03/2014
N.º de Páginas: 216

The luminaries, da escritora Eleanor Catton, foi o romance vencedor do prestigiado Man Booker Prize de 2013. Um outro candidato ao prémio, intitulado Harvest, figurou também na lista final e fora apontado como um dos favoritos pela crítica. Esse romance foi escrito por um dos maiores romancistas ingleses da atualidade: Jim Crace (n. 1946).
O cenário de Colheita desenvolve-se numa remota aldeia inglesa (situada num local e tempo não especificado pelo autor), com poucos habitantes, mas com muitos hectares de terra de cultivo. O pacato quotidiano dos agricultores, nessa terra onde «tudo estava destinado a manter a forma que tinha», rege-se em torno da labuta, de sol a sol, e mesmo com o excesso de trabalho a fartura na mesa não abrange os seus lares, nunca. Master Kent, o proprietário das terras, devido à mão-de-obra que, mesmo sendo vasta não é suficiente, em busca de melhor retorno financeiro, manda um primo seu vir visitá-lo, a fim de poder contar com o conselho e gestão das suas terras por uma pessoa de fora, mais habituada às novas técnicas agrícolas. Ele era apenas um gestor de pessoas, não de máquinas. Com a chegada de novos forasteiros, com visão oposta às da população, uma ameaça pairará na pequena aldeia. Incêndios, torturas, mortes, deserções e mistérios farão parte da narrativa após as primeiras duas dezenas de páginas, e terão uma voz que as narrará ao leitor: Walter Thirsk, um agricultor, um dos poucos que sobreviveu para contar a história.
Colheita é um romance intrincado, que questiona, mais do que dá respostas. A prosa é rica, metódica, linguisticamente criativa, e é dada a conhecer paulatinamente, via frases curtas. Jim Crace não necessitou de quatrocentas ou quinhentas páginas para revelar como o progresso varre o passado e distancia as pessoas do mundo natural, a que pertencem. O final do romance poderia ter sido melhor compreendido se o autor não tivesse tanta relutância em descortinar mais o enredo, os factos sobre os personagens centrais. Contudo, essa omissão premeditada (ou não) não conta demasiado para que este romance não seja classificado como um belo livro.
Além de Colheita, que chegou às livrarias portuguesas a 18 de Março, Jim Crace é autor de outros doze livros; desses, para português foram traduzidos os seguintes: pela Difel: Continente (1988), e Quarentena (1999), A Morte nas Dunas (2001) e Arcádia (2006) pela Gradiva.


domingo, 30 de março de 2014

«Nada a Perder - Livro 2», de Edir Macedo, é publicado pela Planeta

https://www.facebook.com/silenciosquefalam

Nada a Perder
Livro 2
de Edir Macedo
Edição: 2014
Páginas: 240
Editora: Editorial Planeta
Sinopse
A CONTINUAÇÃO DO LIVRO DE NÃO FICÇÃO MAIS VENDIDO NO BRASIL EM 2012.

O segundo volume da trilogia que conquistou leitores em todo o mundo chega às livrarias com ainda mais surpresas e segredos.
As memórias jamais contadas de Edir Macedo continuam com casos impressionantes, reflexões comoventes e episódios polémicos.
Descubra como tudo começou na trajetória de um dos principais líderes evangélicos do mundo. Como foi possível transformar uma pequena igreja, que funcionava numa funerária, em milhares de templos, com milhões de fiéis. A espinhosa travessia de altos e baixos na conquista do segundo maior grupo de comunicação do Brasil. Uma viagem ao subterrâneo da televisão. Um mergulho no jogo sujo do poder.
Nada a Perder - Livro 2 - Os meus desafios perante o impossível. Um livro ainda mais emocionante. Ainda mais revelador. Ainda mais surpreendente.

A apresentação do livro na Madeira acontecerá no dia 5 de Abril, sábado, às 10h00, no Teatro Baltazar Dias, no Funchal.


sexta-feira, 28 de março de 2014

Passatempo: «A Presumível Fidelidade das Partes», de Jaime Collyer




Para te habilitares a ganhar o livro em sorteio, responde acertadamente ao formulário seguinte e partilha no teu mural ou no de um amigo este post. Podes participar neste passatempo uma vez por dia. Aquando de cada participação a partilha no Facebook tem de ser feita.

O Passatempo decorrerá até ao dia 3 de Abril.

Boa sorte!



Regras do Passatempo:
1) O passatempo decorrerá entre os dias mencionados, sendo exclusivo a participantes residentes em Portugal;
2) Será validado exclusivamente as participações com as respostas acertadas e será aceite apenas uma participação por pessoa ou email (salvo mencionado o contrário);
3) O vencedor será sorteado aleatoriamente através do Random.org e o seu nome publicado aqui neste post, além de ser comunicado ao mesmo via e-mail. Se ao fim de 15 dias, após ser contactado pelo administrador deste blogue, o vencedor não reclamar o prémio, será escolhido outro vencedor;
4) O administrador deste blogue e/ou a editora não se responsabiliza por eventuais extravios dos livros, aquando da expedição dos mesmos ao vencedor. 

«Como Se Escreve Um Romance Policial», de G. K. Chesterton

Editora: Alêtheia
Data de Publicação: 02/2014
N.º de Páginas: 110

Uma das mais recentes obras publicada pela Alêtheia é constituída por uma série de textos breves escritos por Gilbert Keith Chesterton (1874-1936), autor que tem um número já considerável de livros visíveis no catálogo da editora. Os onze artigos que formam Como Se Escreve Um Romance Policial foram publicados pelo escritor britânico em vários jornais desde 1900.
A abrir esta colecção ensaística Chesterton diz que o romance policial não deve ter como modelo o romance, mas a novela; e explica que crê haver um princípio fundamental e que assume ser o ponto essencial de um romance policial: «é que o segredo deve ser simples». Salienta também que este género literário, no geral, tem sido alvo de recensões despropositadas por parte de críticos que não têm gosto pela leitura de policiais (os pensamentos de Chesterton há mais de cem anos continuam tão actuais; a realidade é contínua; os romances policiais são esquecidos pelos críticos literários que escrevem nas mais diferentes publicações, e é hoje tido como um género ínfero, sem validade, sem acrescento para a bagagem cultural de um leitor.) No segundo ensaio, intitulado Como se escreve um policial, o autor revela com muita modéstia que ele é um escritor de policiais frustado, que ainda não descobriu a «técnica», e que tem absoluta noção disso: «sou uma pessoa totalmente consciente de que nunca conseguiu escrever um policial.» De acordo com Chesterton ficção policial é mais adequada para o estudo da complexidade da existência humana. No ensaio seguinte o autor de O Homem que era Quinta-Feira aponta os erros mais cometidos pelos autores de policiais, sendo um exemplo: «Há muitos policiais que não resultam pelo simples facto de o criminoso aparecer à solta na história, aparentemente sem nada que fazer a não ser cometer o crime.» Um dos últimos ensaios deste livro é dedicado ao criador de Sherlock Holmes, um dos autores de referência para o também criador de um dos detectives mais célebres da literatura: Padre Brown.
Como Se Escreve Um Policial ajudará os autores e leitores do género narrativo, cujo eixo central é o processo de resolução de um mistério, a estarem mais atentos a aspectos ligados ao estilo da linguagem, ao enredo, à complexidade versus simplicidade que duma história transparece. Em suma, «o leitor tem que se convencer que não é tão arguto quanto o detetive», diz-nos G. K. Chesterton.


Excertos:
«(...) o autor não pode revelar as coisas mais interessantes acerca das personagens mais interessantes, antes de chegar ao último capítulo. O policial é um baile de máscaras, em que toda a gente aparece disfarçada de outra pessoa (...)» (p. 11)

«(...) o policial é apenas um jogo; e, nesse jogo, o adversário não é o criminoso, mas o autor.» (pp. 19-20)

«O verdadeiro objectivo de um policial inteligente não é confundir o leitor, é esclarecê-lo.» (p. 27)

E não é que termina hoje?!

http://silenciosquefalam.blogspot.pt/2014/03/passatempo-especial-dia-do-pai.html


O sofrimento do mundo visto por Schopenhauer


de Schopenhauer
 
Sinopse
Influenciado pela filosofia de Kant, Schopenhauer acreditava que toda a acção humana é determinada, não pela razão mas pela vontade, e a sua obra constitui o reflexo da sua atitude pessimista perante o comportamento humano. "Se o alvo imediato e directo da nossa vida não é o sofrimento; então a nossa existência estará muito mal adaptada ao seu alvo no mundo".


Excerto
«Se ao compreender o mundo, começarmos a partir da coisa em si, da vontade de viver, descobrimos que o cerne, o seu ponto de maior concentração, é o acto de geração. Que contraste, por outro lado, está presente se começarmos do mundo da aparência, o mundo empírico, o mundo como ideal!» (p. 47)


 

quinta-feira, 27 de março de 2014

«Fernando Pessoa em Espanha» é uma das novidades da Babel

Fernando Pessoa em Espanha
Organizadores: Antonio Sáez Delgado e Jerónimo Pizarro 

Catálogo de uma das mais singulares exposições sobre a presença, o interesse e recepção de Fernando Pessoa em Espanha

Contém imagens do espólio pessoano, recortes de jornais e capas de obras de e sobre Fernando Pessoa

«A presença de Fernando Pessoa em Espanha tem qualquer coisa de velho fantasma familiar. Nunca se interessou demasiado pela cultura espanhola, mas entrou em contacto com alguns dos escritores espanhóis do seu tempo. Nunca viajou ao país vizinho mas escreveu sobre a estrutura de Espanha e sobre o seu papel no contexto da Ibéria. […] A exposição “Fernando Pessoa em Espanha” pretendeu percorrer este caminho [a partir dos anos 80 até à actualidade] e mostrar quem foi e quem é Fernando Pessoa no âmbito da cultura espanhola, através de cartas, textos, livros e documentos que evidenciam a activa presença do autor da “Mensagem” no seio da outra grande cultura peninsular, em toda a sua pluralidade. Um Pessoa menos conhecido, menos visto, que documenta a dimensão ibérica do seu trabalho. As comunicações apresentadas no Colóquio, vinculadas ao mesmo tema da Exposição, tentaram analisar as relações que o poeta manteve com escritores espanhóis, bem como a sua presença no mercado editorial espanhol das últimas décadas.» in nota introdutória
 



Os Passos em Volta dos Tempos de Eduardo Lourenço,
de Carlos Câmara Leme

«A temática abstracta do Tempo é, desde sempre, de ordem cosmológica, e o discurso de que releva ou que exige, de carácter científico, de Platão e de Aristóteles até Galileu, Newton, Einstein e à ciência mais actual. Esse tempo, no sentido próprio, cósmico, aquele onde nunca como "indivíduos", a bem dizer, existimos, que de algum modo já nos viu morrer antes de nascermos, não é aquele onde o sentido da nossa existência — da nossa existência pessoal ou da humanidade a que pertencemos — nos "interpela" e a que só nós mesmos podemos dar resposta. Para mim, foi o tempo incarnado, o que mal ou bem chamamos História, como se fôssemos o dono dela, que, desde jovem e para sempre, me foi a figuração real, objectiva, da mítica Esfinge. Carlos Câmara Leme compreendeu perfeitamente que era nesse "tempo com História", nós como História, que residia o enigma vivo em que banhamos e, no sentido mais literal e incandescente da palavra, "ardemos".» in prefácio de Eduardo Lourenço



Em Abril, a editora Marcador publica


Intempérie, de Jesus Carrasco (à venda a partir de 2 de Abril)


Nós, os Mercados, de Daniel Lacalle (à venda a partir de 2 de Abril)


Prometo Falhar, de Pedro Chagas Freitas (à venda a partir de 15 de Abril)



Publicada pela primeira vez a correspondência entre Agustina Bessa-Luís e José Régio


Correspondência Agustina-Régio (1955-1968)

Novo título da colecção Contemplações, dedicada a Agustina Bessa-Luís

Organização, fixação de texto e índices por Alberto Luís e Lourença Baldaque

Sinopse
«Esta obra orienta-se, fundamentalmente, à volta de três linhas matriciais. Perscruta a locução testemunhal que descreve um perfil biográfico plasmado em confidências que, dando conta de um percurso de vida, delineia os meandros da criação; destrinça os bastidores da vida e da crítica literária do tempo da escrita claramente explicativos de muitas ocorrências; perspectiva a epistolografia enquanto arquivo de criação que anota o percurso da escrita desde a génese à recepção, conferindo-lhe, de acordo com a crítica genética, uma matriz oficinal. […] Há, nas 58 missivas escritas entre 1955 e 1968 que agora se publicam, um tom confessional – como convém ao hibridismo do género – que permite deslindar aspectos dos perfis biográficos e tensões existentes. […] Agustina surpreende com a faceta de desenhista até agora desconhecida. A sua veia plástica é, por vezes, desconcertante e reveladora do seu lado pragmático. Os motivos dos desenhos são todos alusivos à quadra natalícia.» in Prefácio de Isabel Ponce de Leão


Kafkiana (2012), Cividade (2013) e Caderno de Significados (2013).

Já está à venda a autobiografia de Stephen Hawking

A Minha Breve História
de Stephen Hawking
Sinopse
Autobiografia de um dos mais brilhantes cientistas do nosso tempo, que mostra um Hawking apenas entrevisto nos seus livros anteriores: o estudante curioso a quem os colegas alcunharam Einstein, o gracejador que apostou uma assinatura da Playboy sobre a existência de buracos negros e o jovem marido e pai lutando para conquistar um lugar no difícil mundo académico, sem esquecer o diagnóstico, aos 21 anos, da doença que o confinaria a uma cadeira de rodas. Um relato corajoso e sensível, uma mensagem de esperança e uma lição de vida.
Stephen Hawking tem deslumbrado leitores em todo o mundo com uma série de best-sellers sobre os mistérios do Universo. Agora, pela primeira vez , o cosmólogo mais brilhante do nosso tempo, em vez de olhar para o Universo, olha para dentro, oferecendo-nos um olhar revelador sobre sua própria vida e evolução intelectual.
A Minha Breve História relata a viagem improvável de Hawking, desde a sua infância no pós-guerra em Londres até aos anos de celebridade mundial. Ricamente ilustrado com fotografias raramente vistas, este relato conciso, inteligente e sincero apresenta um Hawking raramente vislumbrado nos livros anteriores: o estudante curioso a quem os colegas logo chamaram Einstein, o humorista que uma vez apostou uma assinatura da Playboy com um colega sobre a existência de buracos negros, e o jovem marido e pai lutando para ganhar uma posição no difícil mundo académico.
Escrevendo com humor e humildade, Hawking fala sobre os desafios com que se viu confrontado após o diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica aos 21 anos de idade. Traçando o seu desenvolvimento como pensador, explica como a perspectiva de uma morte precoce o impulsionou na direcção de vários avanços intelectuais, e fala sobre a génese de sua obra-prima Breve História do Tempo, um dos livros de ciência emblemáticos do século XX.
Excertos
«Penso que as pessoas com deficiência se devem concentrar em coisas que essa deficiência não as impeça de fazer e não devem lamentar aquilo que não podem fazer.» (p.110)

Gregg Braden e Ron Fry são os autores dos livros mais recentes da Sinais de Fogo


Como criar resiliência numa Era de extremos
de Gregg Braden
 
Edição: Março 2014
Páginas: 308
Editora: Sinais de Fogo Publicações
O autor
Gregg Braden foi designer de sistemas de informática.
Durante 20 anos, rebuscou remotas aldeias de montanha, mosteiros e templos e textos esquecidos, em busca de segredos intemporais. A sua busca conduziu-o a descobertas fascinantes e controversas.
Desde o seu primeiro livro, Gregg Braden tem-se aventurado para além das fronteiras tradicionais da ciência e da espiritualidade, oferecendo soluções relevantes para os desafios do nosso tempo.
 
Outros livros do autor: com o selo da Sinais de Fogo: Entrelaçados (2013), A Matriz Divina (2013), Verdade Profunda (2011) e O Mistério de 2012 (2009). Publicado pela editora Estrela Polar: O Código de Deus (2006).


de Ron Fry
 
Edição: Março 2014
Páginas: 280
Editora: Sinais de Fogo Publicações
 
Sinopse
Aprenda a lidar com entrevistas complicadas, vários tipos de personalidade e perguntas potencialmente ilegais, evitando os erros mais comuns! Obtenha as respostas que os empregadores procuram! 
 
Outro livro do autor: O Guia do Bom Estudante (Editorial Presença, 2000).

 

O autor de «A Casa Negra»

https://www.facebook.com/silenciosquefalam/photos/a.187362988008873.45353.178784915533347/620351901376644/?type=1&theater


terça-feira, 25 de março de 2014

«Rosa Candida», o fenómeno literário islandês chegou a Portugal



«Uma obra de estreia de um encanto difícil de igualar e dela emanam uma delicadeza e uma autenticidade pouco comuns na nossa época.» Elle

de Audur Ava Olafsdóttir
Edição: Março 2014
Páginas: 348
Editora: Marcador
Tradução: João Tordo
Título original: Afleggjarinn

Sinopse
Um jovem decide deixar a casa da sua infância, o irmão autista, o pai octogenário e as paisagens familiares de campos de lava cobertos de musgo, em busca de um futuro desconhecido.
Pouco antes da sua partida recebe um terrível telefonema: a mãe falecera num acidente de carro. As suas últimas palavras tinham sido de doce conselho ao filho, incitando-o a continuar o trabalho que partilhavam na estufa, mais especificamente o cultivo de uma variedade de rosa rara, a Rosa Candida.
Antes da morte da mãe, naquela mesma estufa, vivera um breve encontro de amor. Foi quando já preparava a sua partida que soube que, nessa noite, concebera inocentemente uma criança. Atordoado com todos estes súbitos acontecimentos, procura refúgio, recolhendo-se num majestoso jardim abandonado de um antigo mosteiro europeu.
É aí que se vai dedicar a fazer florescer aquela rosa rara de oito pétalas. Ao concentrar a sua energia no seu cultivo, aprende também, sem dar por isso, a cultivar o amor.

A autora
Auður Ava Ólafsdóttir nasceu em Reiquiavique, Islândia, em 1958. Estudou história da arte e teoria da arte e é atualmente professora de história da arte na Universidade da Islândia e diretora da coleção de arte dessa instituição. Auður Ava é autora de vários romances, de um livro de poesia e de uma peça de teatro. Rosa Candida, publicado em 2007 com o título Afleggjarinn, venceu diversos prémios entre eles um prémio literário para as mulheres da Islândia, e o prémio Prix de Page – determinado por um conjunto de mais de 700 livrarias em França – país no qual o livro se manteve na lista dos mais vendidos durante cinco meses consecutivos. Foi também nomeado para diversos outros prémios literários, incluindo o prestigiado galardão Femina. O seu nome do meio, Ava, foi escolhido há alguns anos como um tributo a Santa Ava, uma mulher cega da Idade Média que foi canonizada. A autora vive e trabalha em Reiquiavique.

Outras novidades lançadas recentemente pela Marcador: ver aqui.

Autobiografia de Thomas Bernhard é publicada pela Sistema Solar


Autobiografia
de Thomas Bernhard

Tradução e introdução: José A. Palma Caetano
Edição: Fevereiro de 2014
Género: Literatura, Biografia
Número de páginas: 544

«É certo que os cinco livros da Autobiografia [A Causa (1975), A Cave (1976), A Respiração (1978), O Frio (1981) e Uma Criança (1982)] servem a Bernhard para dar a conhecer o que foi a sua infância e a sua juventude, mas sempre na medida em que esses períodos da sua vida e os acontecimentos por ele narrados foram relevantes para a sua obra literária. O escritor enfatiza os momentos que o marcaram para o resto da existência, faz notar os seus problemas, os seus erros, as fraquezas e os aspectos contraditórios do seu carácter, mas também as suas grandes decisões, a sua independência, a sua força de vontade, a sua natureza insubmissa e inconformada, mesmo na luta pela própria vida. […]
Ficção e biografia interpenetram-se em Bernhard de uma forma nem sempre clara, porque ambas participam igualmente da sua escrita enquanto obra de arte e ambas se completam e explicam reciprocamente. […] Na verdade, esse período da infância e juventude—e a ele se limita a Autobiografia—influencia decisivamente a personalidade do escritor, modela o seu carácter e de certo modo constrói as bases da sua carreira literária. Pode-se mesmo dizer que, sem conhecer as suas origens, as circunstâncias em que se verificou o seu nascimento, o que ele foi em criança e as provações por que passou na adolescência, não será fácil compreender devidamente a sua obra.» [José A. Palma Caetano, Introdução]

Críticas da imprensa
«Ao escolher a autobiografia como material de ficção Bernhard coloca-se no centro da sua arte.» José Riço Direitinho, ÍpsilonPúblico de 14 de Março de 2014 (texto completo aqui)
«A questão da autobiografia é uma não-questão em Thomas Bernhard, de tal modo a sua obra é inequivocamente a sua vida genialmente transfigurada – ou nem tanto – como, uma vez mais, o é numa autora nossa como Llansol.» João Barrento
O autor
Thomas Bernard nasceu em 1931 na Holanda, filho natural de uma austríaca e de um pai que nunca conheceu. Passou a infância com a mãe e os avós maternos, em Viena, e foi influenciado pelo avô, que era escritor. A sua educação fez-se em dois internatos, um nacional-socialista e outro católico, e na música, com aulas de canto e violino. Mais tarde estudou representação e direção de atores. Entre 1952 e 1955, Bernhard colaborou com vários jornais, escrevendo crítica literária e começou a publicar alguns poemas e contos. Em 1957 publica o seu mais conhecido livro de poesia, Na Terra e no Inferno, e, em 1963, Frost, um dos seus mais importantes romances. A sua obra desenvolve-se entre a poesia, a ficção, o teatro e o ensaio. Autor maior da segunda metade do século XX, e certamente um dos mais polémicos, morre em 1939, na sua casa, em Gmunden, na Áustria.


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Teolinda Gersão regressa com «Passagens»

de Teolinda Gersão

Ano de edição: 2014
Editora: Sextante Editora
Páginas: 184
Classificação: Romance 

Sinopse
«Os segredos das famílias. As mentiras, as histórias falsas, que dão origem a memórias falsas.
Os grandes erros que alguém comete, e são pagos pelas gerações seguintes. Mesmo que se queira apagá-los, silenciá-los, estão lá. E voltam à superfície para serem pagos.» 
 
Outros livros da autora com o selo da Sextante: A Cidade de Ulisses, O Silêncio, As Águas Livres, A Mulher Que Prendeu a Chuva, Os Teclados & Três Histórias Com Anjos e A Àrvore das Palavras.


segunda-feira, 24 de março de 2014

«O Jogo de Ripper», de Isabel Allende

Editora: Porto Editora
Data de Publicação: 21/02/2014
N.º de Páginas: 400

Disponível nas livrarias portuguesas há pouco mais de um mês, o 18.º romance de Isabel Allende pertence ao género policial. É o thriller de estreia da autora que assume não ser fã de novelas policiais. Numa recente entrevista (para a Reuters Brasil) a autora de Paula revelou que antes de começar a escrever a obra, estivera a ler policiais de Stieg Larsson e Jo Nesbø («Achei esses livros realmente repulsivos, violentos e sombrios», revelou a autora) que serviram de inspiração para estilisticamente conceber a trama de O Jogo de Ripper.
A escritora chilena, nesta nova história, e tal como em muitas outras que já publicou, faz figurar no enredo duas mulheres, mãe e filha, muito diferentes quer fisicamente, quer espiritualmente: Indiana é terapeuta numa Clínica Holística, e enaltece sempre o lado mais positivo da vida; Amanda, a filha de dezassete anos, de «aspecto extravagante, tímida de carácter e magnífica de cérebro», tem uma vocação de eremita e uma obsessão por jogos e leituras misteriosas e por tudo o quanto se revele mórbido. Juntamente com o seu avô, Amanda é viciada num jogo online, intitulado Ripper (o jogo existe realmente), cujos membros são freaks espalhados pelo mundo. O objectivo do jogo é encontrar Jack, o Estripador, em 1888, em Londres. Em Janeiro de 2012 a astróloga Celeste Roko faz a previsão de que nas primeiras semanas do ano, na cidade de São Francisco, uma série de assassínios irão criar pânico na população. Quando a série de homicídios é despoletada Amanda e os seus comparças de jogo iniciam uma investigação que trespassa o mundo virtual, e que em vez de procurarem em rede por Jack, seguem as pistas reais de um criminoso que em tempo real comete assassinatos sombrios, cuja vitimologia, modus operandi e assinatura, são a confirmação que necessita a polícia para saberem se tratar de um serial killer. Durante a narrativa a própria mãe de Amanda desaparece e a caça ao criminoso torna-se não um passatempo de detectives mas um assunto pessoal. Os membros de Ripper encontram mesmo um profile, mesmo antes da polícia, e não deixarão de seguir as pisadas desse Jack, de 124 anos depois.
Conclusões sobre o livro: sendo a estreia da autora no género policial, este facto cria, a priori, uma grande curiosidade e eleva a fasquia das expectativas bem para cima. Para o leitor pouco habituado a ler bons policiais O Jogo de Ripper revela-se um thriller emocionante, com tudo o que é necessário e natural acontecer num romance deste tipo. Todavia esta obra revela-se — e é o primeiro feedback — com uma narrativa muito pouco desenvolta nas primeiras dezenas de páginas e com descrições de personagens e lugares que não se justificam. A trama torna-se em algumas ocasiões desinteressante, sem objectividade, e o suspense custa a chegar e por vezes a permanecer. Se de O Jogo de Ripper fosse feito uma triagem de umas 100 páginas, provavelmente o romance funcionasse melhor. Quem sabe Allende não volte a “surpreender“ os seus leitores com este género literário novamente: «Não acho que voltarei a esse género num futuro próximo», disse a escritora à Reuters Brasil, em Fevereiro passado.