sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

«A Metamorfose», de Franz Kafka

Editora: Ulisseia
Ano de Publicação: 2011
N.º de Páginas: 112

«Um dia de manhã, ao acordar dos seus sonhos inquietos, Gregor Samsa deu por si em cima da cama, transformado num insecto monstruoso.» Assim, de modo no mínimo peculiar, tem início a obra que Kafka escreveu em 1912 e dada à estampa três anos depois. A Metamorfose é, talvez, a mais conhecida, estudada e citada de todas as suas obras. O foco de atenção que esta novela obteve por parte dos leitores não revela necessariamente que esta seja a sua magnum opus (muitos apontam que a sua melhor obra seja O Processo). O escritor checo foi um homem que viveu em profunda misantropia, ao longo dos 41 anos em que viveu. Este jovem tímido fora oprimido pelo pai, Hermonn Kafka, e incapaz de lidar com a própria fragilidade, encontrou na escrita uma escapatória para transpor a sua dor, de filho não compreendido e rejeitado (Kafka confessou em Carta ao Pai que na literatura se consegue libertar da pesada tutela paterna.) Os estudiosos crêem que muitos dos protagonistas dos livros de Kafka sejam seus auto-retratos, e em A Metamorfose muitos dos temas abordados (a solidão, o conflito familiar, a angústia existencial, a desesperação) coincidem com o percurso de vida do autor nesses 29 anos (idade que Kafka tinha quando escreveu a obra).
Quando Gregor Samsa acorda nessa manhã de sonhos conturbados vê-se na veste de um insecto horripilante e asqueroso, cheio de perninhas. O caixeiro-viajante acorda tarde para o trabalho, com o qual garantia o sustento da família — o pai, a mãe e a irmã (que se entregavam descaradamente à ociosidade) — desde há muito, e sente-se condicionalmente incapacitado de se locomover. Para somar à desgraça, ele sente dificuldade em se acostumar com sua nova estrutura de corpo. Após a sua condição de insecto ser descoberta pela família a verdadeira surpresa não parte desta, mas do próprio, por ver-se desprezado e rejeitado pelos pais, tendo apenas comiseração por parte de Grete, a sua irmã de dezassete anos. Ela será quem tratará de pôr e retirar a sua comida do chão do seu quarto, diariamente, mesmo insegura e com medo. Gregor ganha «o hábito de rastejar em todas as direcções pelas paredes e pelo tecto» do seu quarto e passa a analisar a rotina familiar com a atenção que antes, estando fora de casa a maior parte do tempo, não lhe era possível. Mesmo tendo amealhado dinheiro ao longo da vida, os pais voltam a trabalhar e a irmã também arranja uma forma de ganhar dinheiro; afinal Gregor, o sustento da família, não pode trabalhar mais. A família aluga um quarto da casa a três hóspedes e fazem de conta que o seu quotidiano em nada foi abalado. A falta de diálogo humano na família, esse, continua o mesmo, constata Gregor, ao mesmo tempo que uma ferida lhe vai infectando na carne, deixando-o moribundo. Mesmo afastado do mundo real, por ser ele uma aberração humana, é-lhe mais fácil observar esse outro mundo do qual fizera parte, e assim dá-se conta que alguns dos comportamentos e sentimentos mais baixos da condição humana estão em vigência no seu habitat. Assim, Gregor reflete que há piores metamorfoses além da que é física, aquela que nasce um dia e que corrói por dentro e que atinge os outros por meio de palavras e acções.
Die Verwandlung (título original) é sobretudo uma história de alerta à sociedade e aos comportamentos humanos. A escrita de Kafka é marcada por um estilo simples e directo para transmitir o que povoa no interior da estranha mas bem elaborada galeria de personagens que o autor criou e que são espelhos do mundo não-ficcional. Narrativa breve (de 112 páginas) e de saliente qualidade literária, A Metamorfose é um daqueles livros que provam que um bom livro não tem de ter muito texto. É um clássico instigante que vale a pena ler, guardar e passar testemunho a gerações vindouras. Esta edição da Ulisseia é em capa dura, portanto, é a ideal para perpassar ao longo do tempo.
Já passou mais de um século desde que Kafka escreveu esta obra, mas a mensagem desta continua actual. Afinal, o ser humano continua a apontar o dedo ao que e a quem se difere do padrão estereotipado pela sociedade.
Desenho de Eduardo Antonio Lázaro (não incluído no livro)
Excerto:
«Podemos estar incapacitados de trabalhar num determinado momento, mas esse é o momento certo para nos lembrarmos do que fizemos antes e para pensar que mais tarde, uma vez removidos os obstáculos, vamos trabalhar de forma ainda mais empenhada e concentrada.» (p. 30)

Propostas para perder peso e ganhar saúde




A Dieta Bravo, de Ana Bravo 
A Dieta Perfeita, de Mariana Abecassis
As Receitas - A Dieta dos 31 Dias, de Ágata Roquete

5 livros que a Quetzal publica em Fevereiro


            Vidas Perdidas, de Nelson Algren 

               O Circo Invisível, de Jennifer Egan
                   O Zelota - A Vida e o Tempo de Jesus Cristo, de Reza Aslan
                        Anatomia da Melancolia, de Robert Burton
                            Páginas Escolhidas, de Samuel Johnson


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Lendo «A Metamorfose» ao sol

Lendo A Metamorfose, de Kafka, num fim de tarde solarengo.

Praia Formosa, Funchal.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Andrés Pascual in «O Haiku das Palavras Perdidas»

«A tragédia da vida não reside na sua brevidade, mas sim no facto de que costumamos desperdiçá-la sem chegar a desfrutar de uma única das maravilhas que nos oferece.»

Andrés Pascual in O Haiku das Palavras Perdidas

Porto Editora passará a editar e a distribuir a obra de Saramago

Foto: Céu Guarda
As herdeiras de José Saramago escolheram a Porto Editora para editar e distribuir a obra literária de José Saramago em Portugal e nos demais países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (à exceção do Brasil).
Ao mesmo tempo, a Fundação José Saramago e a Porto Editora vão definir estratégias conjuntas de divulgação da obra do escritor em todo o mundo, com especial atenção à comunidade lusófona. 


Autor e illustrador Maurice Sendak terá destaque este ano no catálogo da Kalandraka

( Patrick Downs / Los Angeles Times )
A obra de Maurice Sendak estará muito presente em 2014 no catálogo da KALANDRAKA que, ao longo deste ano, publicará uma dezena de títulos do autor e ilustrador americano, aos quais se seguirão novas incorporações em 2015. Esta aposta em recuperar o legado daquele que é considerado pelos críticos como “um dos homens mais influentes dos Estados Unidos porque dar forma à fantasia de milhões de crianças é uma importante responsabilidade”, responde ao interesse em trazer de novo às livrarias, bibliotecas e às nossas casas um conjunto de títulos emblemáticos que se encontravam descatalogados ou inéditos.

Todas estas publicações, que respeitarão os formatos originais, serão editadas nas cinco línguas peninsulares: português, espanhol, galego, catalão e basco.

O primeiro da série será “In the Night Kitchen” – Na cozinha da noite – com tradução de Carla Maia de Almeida, escritora, jornalista e tradutora, que, neste âmbito, tem vindo a colaborar com a Kalandraka.
“Na cozinha da noite” juntar-se-á ao já publicado “Onde vivem os monstros” (2009) (PNL/LER+), a sua obra prima de 1963, que, apesar da controvérsia das interpretações críticas que suscitou no início, cativou – e continuará a cativar – gerações de crianças por todo o mundo. Sucessivas adaptações para teatro, animação e cinema mostram a sua enorme transcendência e a sua plena vigência.
Esta trilogia ficará completa com a tradução de “Outside Over There”, de 1981, que Sendak considerava como a sua obra mais pessoal.

A KALANDRAKA também recuperará a “Minibiblioteca” de Maurice Sendak, formada por quatro livros de pequeno formato que abordam as letras do alfabeto, os meses do ano, os números e uma história com moral.

Para além disso, dar-se-á a conhecer outra faceta de Sendak como ilustrador de textos de outros autores, através da coleção “Ursinho”, da escritora americana de origem dinamarquesa, Else Holmelund Minarik, que data dos anos 1950-1960. Desta série, que foi adaptada para a televisão, venderam-se milhões de exemplares por todo o mundo.
A grande contribuição de Maurice Sendak (1928-2012) para o enriquecimento do imaginário infantil, ao longo de cinco frutíferas décadas de trajetória artística e literária, foi reconhecida com importantes distinções, entre as quais figuram várias Medalhas Caldecott, o Prémio Hans Christian Andersen, a Medalha Laura Ingalls Wilder e o Prémio Astrid Lindgren, entre outros galardões.

«CoraSons» é composto por Livro-CD-DVD. Uma publicação da Kalandraka


Contém CD e DVD
Colectivo Corasons (texto)
Isabel Leal (texto)
Edição: 2014
Páginas: 64
Editora: Kalandraka Portugal
Sinopse
CoraSons é uma experiência artística que surgiu nas redes sociais e que, inicialmente, se materializou numa exposição de fotografias de Isabel Leal e num recital, com a participação de vários músicos, na Casa das Crechas de Santiago de Compostela. A este encontro sucedeu-se um concerto celebrado na Ilha de Arousa, ao qual se juntaram mais de 40 intérpretes, e que se veio a plasmar num documentário gravado por Paco Abelleira. Agora, com a KALANDRAKA, o projeto coordenado por Uxía Senlle transformou-se num livro-cd-dvd com 19 temas e num filme de hora e meia. Cada imagem conta uma história tornada canção. A natureza, a vida quotidiana, a arquitetura, as sombras, a geometria ou a imaginação são os cenários que se recriam, partindo da forma e da simbologia do coração. Longe de se centrar numa perspetiva romântica, CoraSons incide na afetividade, nos sentimentos, nas emoções, na amizade, e reivindica a necessidade de pulsarmos unidos. Músicas quentes para tempos frios, coração-couraça para tempos incertos.
Um projeto artístico que reúne fotografia, música e documentário. Intérpretes luso-galaicos pulsando unidos por uma língua comum. Sentimento, alegria e liberdade num livro-cd-dvd que irrompe do amor.  
No dia 18 de Janeiro, na LIVRARIA PAPA-LIVROS, no Porto, foi inaugurada a exposição de ISABEL LEAL com as fotografias que integram o livro-cd-dvd “CORASONS”.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

«Édipo - Uma História Completa», de Carlos Céu e Silva

Editora: Coisas de Ler
Ano de Publicação: 2009
N.º de Páginas: 52

Édipo-Rei é por muitos considerada a mais perfeita obra de teatro de todas as literaturas, que relata a trágica existência de Édipo. Filho de Laio (rei de Tebas) e de Jocasta, o jovem nasce marcado por um destino impiedoso, que não cederá a rogos nem a lágrimas. Não obstante a sua sina inexorável este homem, devido a uma maldição rogada, não descansa enquanto não chega à plena revelação da sua identidade trágica - cuja aceitação é também a medida da sua grandeza humana. Nessa busca espiritual Édipo cometerá dois crimes: patricídio e incesto. «Édipo, rei e homem desencantado mas entregue às delícias da ilusão de ser ele próprio paraíso, quis amar. E amou. Descobriu a dor e algo mais. Rematou a história da sua vida e fez-se herói.» O conceito da tragédia de Édipo serviu de base para aquilo a que Freud chamou de “Complexo de Édipo”.
Carlos Céu e Silva, psicólogo e escritor, que no mesmo ano de publicação de Édipo - Uma História Completa lançou o seu primeiro romance, As Mulheres de Henry James (Coisas de Ler, 2009), apresenta-nos através de 15 capítulos (cada um iniciado com uma citação da peça Édipo-Rei, escrita por Sófocles) uma história bem resumida sobre Édipo, criança que fora abandonada pelo seu progenitor numa montanha, com os tornozelos furados, e quando encontrada fora atribuído o nome de Édipo (Édipo significa «que tem pés inchados»).
A história está (re)contada em breves páginas, cujo texto é entrelaçado com belíssimos desenhos realizados a lápis grafite e a aguarela, da autoria do ilustrador Pedro Salvador Mendes. Em suma, Édipo - Uma História Completa é uma obra bem conseguida graficamente, e com um formato invulgar (dimensão 18x30 cm), que vem acrescentar uma nova perspectiva interpretativa de uma das obras mais célebres de Sófocles (496 a.C. - 405 a.C.), um dos maiores génios da literatura grega e universal. Os três textos vindos no posfácio do livro, escritos por Seabra Diniz, Maria Belo e José Martinho, ajudam o leitor a entender psicologicamente, toda a complexidade da história. Um glossário com o significado dos termos gregos do texto é também uma mais-valia desta obra com assinatura da Coisas de Ler.

Qual a editora que irá publicar toda a obra de José Saramago?

Porto Editora, Babel e Relógio D'Água. Uma destas editoras será a próxima a editar as obras do Nobel da Literatura 1998.
Ler artigo no DN
Fotografia © José Carlos Carvalho/ Global Imagens


Arcádia reedita biografia oficial de Eusébio em BD

Esta obra, Eusébio - Pantera Negra, que chegará às livrarias no início de Fevereiro, é lançada pela Arcádia, uma chancela do grupo BABEL, que nos anos 70 e 80 ficou célebre por editar grandes nomes da Banda Desenhada como Gaston Lagaffe, Cubitus, Spirou e Fantásio, entre outros.

A obra
Eusébio da Silva Ferreira é considerado um dos maiores futebolistas mundiais de sempre. A obra de BD que agora apresentamos é uma biografia do homem e do jogador, que relata os principais momentos da vida do "pantera negra". Desde o seu nascimento em Lourenço Marques – Moçambique -, a chegada a Portugal, passando pelas suas conquistas ao serviço do Benfica e da Selecção Nacional, são ainda aqui recordados, entre outros, os momentos especiais da sua participação no Mundial de Inglaterra em 1966.

O autor

Eugénio Silva iniciou-se na BD há cerca de 60 anos na Escola António Arroio, pela mão do mestre Rodrigues Alves. Mas não lhe permitindo a 9.ª Arte sequência de trabalho, acabou por se afirmar como ilustrador e aguarelista. Em BD, começou por publicar Amoni, no Diário de Notícias (1965), A Gruta dos 3 Irmãos, no Pisca Pisca (1970), e História Pequena do Vidro (1982), publicando depois os álbuns Matias Sándor (1983), Eusébio, Pantera Negra (1990), Inês de Castro (1994), História de Seia (1999), O Sonho do Rapaz da Boina (1999), História do Concelho de Seixal (2004) e O Crime de Arronches (2009). Colaborou, para França, em On a Retrouvé la Forêt Perdue (1991) e O Coelho Branco no livro Contos das Ilhas (1993). É ainda autor da obra Zé do Telhado (inédito), e tem em já em execução um conto de Eça de Queirós, A Perfeição.

Produto oficial SLBenfica


domingo, 26 de janeiro de 2014

Cartas de amor escritas por grandes figuras da História‏


As Mais Belas Cartas de Amor e Paixão
de Paulo Marques (seleção e notas)

As Mais Belas Cartas de Amor e Paixão levará o leitor numa viagem entusiasmante, desde a intensidade do amor à primeira vista até à eternidade do romance que permanece para além da vida.
Conheça as mais ternas histórias — as esperanças secretas, a felicidade, as demonstrações intensas de afeto — de grandes homens e mulheres de todos os tempos, celebrando o amor em todas as suas formas. Estas cartas partilham uma genuína devoção que irá confortar e inspirar todos os apaixonados, todos os sonhadores. 
Numa era de comunicações instantâneas, esta antologia única e intemporal recorda-nos que nada se compara ao prazer e à dedicação de escrever uma carta à pessoa especial da nossa vida, e receber as palavras apaixonadas daqueles que amamos.
Leia, entre outras, as cartas apaixonadas de: Florbela Espanca • Mozart • Bocage Mariana Alcoforado • Victor Hugo • Frida Kahlo Almeida Garrett • Eça de Queirós • Sigmund FreudOscar Wilde • Pierre Curie • Fernando PessoaEmily Dickinson • Amadeo de Souza-Cardoso
Paulo Marques, autor do livro 15 Portugueses Ilustres e de dezasseis «Cadernos Biográficos de Personalidades Portuguesas do século XX», editados pelo jornal Público, fez a seleção dos textos apresentados em As Mais Belas Cartas de Amor e Paixão e a respetiva contextualização histórica.



sábado, 25 de janeiro de 2014

Charlotte Brontë in «A Paixão de Jane Eyre»

«Se nós fossemos sempre bons e obedientes para com aqueles que são crúeis e injustos, faríamos o contentamento dos maus.»

Charlotte Brontë in A Paixão de Jane Eyre

«Contagem Descrente» do escritor John Wolf é lançado a 1 de Fevereiro

 
de John Wolf
 
Data Publicação: Dez. 2013
Páginas: 139
Editora: Chiado Editora
Coleção: Viagens na Ficção 
 
O lançamento da obra acontecerá na FNAC Algarve Shopping Guia - Sábado, dia 1 de Fevereiro 2014, às 17h.
 
sinopse
“O manual de instruções de uma passadeira de fitness ganha vida e questiona as intenções do utente, a ligeireza da perda de peso por oposição à profundidade da vida.
Um bombista suicida gay que decide arrasar com o quartel e o general traiçoeiro − o fundamentalismo político ou religioso cede lugar às razões de peito, de paixão e do amor. O encontro marcado de mulheres que procuram resolver diferendos antigos, mal-entendidos de café. As mulheres envolvidas na discussão chamam-se todas Sofia. São todas umas Sofias. Saíram-nos cá umas Sofias. A triste figura de um quarentão, bonacheirão que não consegue emancipar-se da mãezinha. Quando um dia ganha a coragem para o fazer, entorna ainda mais o caldo: agarra-se à saia da madrinha” – estes são alguns dos territórios por onde viajam os personagens e as narrativas irónico-filosóficas de John Wolf. O vai e vem entre a terra e os céus balança o leitor entre várias dimensões, gerando náuseas ou felicitações.

"um escritor apaixonado pelas possibilidades da linguagem e a surpresa da narrativa" – Richard Zimler

"Se há autores inclassificáveis no panorama literário português, John Wolf é um deles: escritor de longo fôlego e águas profundas, de humor satírico e nada complacente para com a literatura, que é, para ele, um assunto sério e um gesto ético." - Maria João Cantinho

O autor
John Wolf nasceu em Madrid (1970) e tem nacionalidade norte-americana. Estudou relações internacionais, mas de pouco serviu, dado o caos em que se encontra o mundo. No seu ADN encontram-se vestígios de russos, portugueses, persas e alemães. Vive em Portugal desde os anos 80. É autor do livro Portugal Traduzido (Edições Zaina, 2008) – um ensaio crítico sobre a condição económica, política e social do país, pensado e escrito ainda antes de a crise ganhar a sua intensa expressão − e da obra de ficção A Reforma do Palhaço e Sete Contos (Edições Cosmos, 2011) – uma novela que coloca em cena Salazar, a sua alegada filha e um palhaço africano. É blogger destacado no Estado Sentido e foi cronista da revista Maxim. O seu discurso narrativo já passou em televisão quando foi comentador no canal Eurosport; teve diversas profissões, como intérprete de conferência, actor, tradutor, cavaleiro em apresentações de equitação clássica ou consultor de comunicação. John Wolf acrescenta ainda outras valências atípicas: sobreviveu a um desastre aéreo na América, partindo o tornozelo esquerdo, e a uma queda de uma égua que lhe custou a fractura do fémur direito. O autor é um potpourri literário – como alguém o apelidou –, um contador de estórias que discorre de um modo particularmente invulgar e cativante para alguns leitores.


 

Saída de Emergência publica obra vencedora do Prémio Pulitzer 2013


Vida Roubada
de Adam Johnson 

Chancela: Saida de Emergência
Data 1ª Edição: 07/02/2014
Nº de Páginas: 480
Encadernação: Capa Mole

Vida Roubada,
vencedor do Prémio Pulitzer 2013, segue a vida de Pak Jun Do, um jovem no país com a ditadura mais sombria do mundo: a Coreia do Norte. 
Sinopse
Jun Do é o filho atormentado de uma cantora misteriosa e de um pai dominante que gere um orfanato. É nesse orfanato que tem as suas primeiras experiências de poder, escolhendo os órfãos que comem primeiro e os que são enviados para trabalhos forçados. Reconhecido pela sua lealdade, Jun Do inicia a ascensão na hierarquia do Estado e envereda por uma estrada da qual não terá retorno. Considerando-se “um cidadão humilde da maior nação do mundo”, Jun Do torna-se raptor profissional e terá de resistir à violência arbitrária dos seus líderes para poder sobreviver. Mas é então que, levado ao limite, ousa assumir o papel do maior rival do Querido Líder Kim Jon Il, numa tentativa de salvar a mulher que ama, a lendária atriz Sun Moon.

Em parte thriller, em parte história de amor, Vida Roubada é um retrato cruel de uma Coreia do Norte dominada pela fome, corrupção e violência. Mas onde, estranhamente, também encontramos beleza e amor. 
Críticas da imprensa internacional
«Ao tornar o seu herói, e o pesadelo que atravessa, tão completamente vívido, Johnson escreveu um romance arrojado e notável, um romance que não apenas abre uma janela
assustadora sobre o reino misterioso da Coreia do Norte, mas que também investiga o próprio significado do amor e do sacrifício… Pungente e profundamente comovente… simultaneamente satírico e melancólico, sombriamente cómico e dolorosamente elegíaco.»
Michiko Kakutani, The New York Times

«Notável… Johnson é um escritor maravilhosamente flexível que consegue mudar, em apenas algumas linhas, do absurdo para o atroz… Não sabemos o que realmente se passa naquele lugar estranho, mas este romance, brilhante e oportuno, dá-nos um vislumbre inquietante do que pode ser lá viver.»
The Wall Street Journal

«Intenção, significância, propósito: a conceção da poderosa primeira parte do romance está cheia dessas qualidades, encerrando o leitor no estreito canal da consciência de Jun Do à
medida que ele é movido como uma peça de xadrez pela mão oculta do Estado. Johnson (…) faz um magnífico trabalho ao conjurar as particularidades físicas quase surreais do país.»
The New Yorker

«Vida Roubada merece um lugar ao lado das distopias clássicas como Mil Novecentos e Oitenta e Quatro e Admirável Mundo Novo.»
Barbara Demick, The Guardian
O autor
Adam Johnson ensina escrita criativa na Universidade de Stanford. A sua ficção tem aparecido nas revistas Esquire, The Paris Review, Harper’s, Tin House, Granta, e Playboy, bem como em The Best American Short Stories. A sua obra inclui Emporium, uma coletânea de contos, e o romance Parasites Like Us. Vive em São Francisco.



sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Passatempo: «O Assassino do Aqueduto», de Anabela Natário



Para te habilitares a ganhar o livro (que será apresentado a 3 de Fevereiro) responde acertadamente ao formulário abaixo e deixa um comentário num destes posts.

O Passatempo decorrerá até ao dia 4 de Fevereiro.

Boa sorte!



Regras do Passatempo:
1) O passatempo decorrerá entre os dias mencionados, sendo exclusivo a participantes residentes em Portugal;
2) Será validado exclusivamente as participações com as respostas acertadas e será aceite apenas uma participação por pessoa ou email (salvo mencionado o contrário);
3) O vencedor será sorteado aleatoriamente através do Random.org e o seu nome publicado aqui neste post, além de ser comunicado ao mesmo via e-mail. Se ao fim de 15 dias, após ser contactado pelo administrador deste blogue, o vencedor não reclamar o prémio, será escolhido outro vencedor;
4) O administrador deste blogue e/ou a editora não se responsabiliza por eventuais extravios dos livros, aquando da expedição dos mesmos ao vencedor. 


O 1.º romance da jornalista Anabela Natário, «O Assassino do Aqueduto», é apresentado a 3 de Fevereiro


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

«Crime e Castigo», de Fiódor Dostoiévski

Ano de Publicação (11.ª edição): 2013
N.º de Páginas: 512

Fiódor Dostoiévski (1821-1888) publicou Crime e Castigo em 1866, vinte anos após ter escrito o seu primeiro romance. Se em Gente Pobre muitas das suas inquietações sociais e filosóficas já estavam bem camufladas na história, nesta obra em análise um leitor atento, que tenha conhecimento da biografia do escritor russo encontrará vários flagrantes traços autobiográficos, muitos, ou pelo menos a maioria, estão presentes no personagem central do romance: Raskólnikov, um jovem ex-estudante de São Petersburgo, «às portas de uma doença grave», com tendência para a misantropia («evitava toda e qualquer sociedade»), melancolia e hipocondria. Como acrescento à sua índole, este jovem que largara os estudos temporariamente por motivos financeiros, era um ser «cheio de amor-próprio». Este orgulho aumenta quando ele é informado pela sua mãe que Dúnetchka, a irmã, ficara noiva de um homem rico para que a família pudesse se reestabelecer da miséria. Esta notícia apenas se juntou às humilhações sociais que nos últimos tempos lhe escureciam o «cubículo» onde vivia só, longe da interacção social, fazendo com que a sua mente se ofuscasse com alucinações e delírios. O jovem, nesses dias sombrios, entusiasmava-se com o facto de «muitos homens geniais não se terem preocupado com o mal pontual e terem seguido em frente». Perseguindo a voz da sua consciência o jovem russo comete duplo homicídio, fazendo uso de um machado. Aos poucos, este acto de extrema violência o leva a ficar com remorsos, e por isso os dividendos do roubo que engendrara (em especial o dinheiro de que tanto precisava para seguir com os estudos, ajudar a família, etc.) são escondidos debaixo de uma pedra, numa praça da cidade russa.
Ao longo dos capítulos que se seguem à acção central do romance e até ao seu término, Dostoiévski faz o leitor reflectir sobre a questão: «É a doença que engendra o crime ou é o próprio crime que, pela sua natureza especial, é sempre acompanhado por uma espécie de doença?»
Crime e Castigo (em russo, Prestuplénie i Nakazánie) é uma obra intensa, dramática, construída por um enredo de onde sobressai a ideia de que o bem e o mal, crime e punição, são faces do mesmo dado. Alguns dos temas explorados pelo autor são aqueles que o obcecaram durante toda a vida, como por exemplo a destruição dos valores familiares. É um romance ‘sério’, escrito sem pitada de humor, o que sublinha com que seriedade se deve reter as mensagens sobre a condição humana que o autor nos brinda em Crime e Castigo. Como prós desta edição da Editorial Presença aponto uma exímia tradução pertencente a Nina Guerra e Filipe Guerra, e a inexistência de qualquer tipo de falha na revisão.


Excertos:

«Enganar-mo-nos é o único privilégio humano frente a todos os outros organismos! Quem erra, chega à verdade! Sou ser humano precisamente porque erro.» (p. 192)

«O principal é a nobreza do homem, o resto adquire-se com os talentos, os conhecimentos, a razão e o génio» (pp. 492-493)


A Editorial Caminho deixa de publicar a obra de José Saramago

Os livros de José Saramago vão deixar de ser editados pela Caminho. O contrato com a editora terminou e não houve acordo com os herdeiros de Saramago. O responsável pela Caminho disse à RTP assistir com tristeza ao fim de 35 anos de uma vida profissional dedicada a Saramago. Na próxima semana os livros de Saramago terão um novo editor.
Via RTP

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Oscar Wilde in «Um Marido Ideal»

«Gosto de olhar para os génios e de ouvir pessoas belas.»

Oscar Wilde in Um Marido Ideal

Ler é como beijar...

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Novidade Arena: «A Enzima Prodigiosa», de Hiromi Shinya


A Enzima Prodigiosa
de Hiromi Shinya

Data Publicação: Jan. 2014
Páginas: 216
Editora: Arena

Sinopse
O nosso corpo está desenhado para se curar a si próprio - é o que defende o Dr. Hiromi Shinya, reputado médico japonês com longa carreira internacional. A dieta que propõe neste livro curou já milhares de pacientes, de forma natural e sem recaídas. A sua filosofia é muito simples: qualquer pessoa, independentemente da sua predisposição genética, pode ajudar o seu corpo a evitar vários tipos de doenças, das mais comuns às mais graves. A chave do sucesso está no factor enzimático. Temos no nosso corpo mais de 5.000 enzimas, responsáveis pelas funções celulares do nosso organismo. Está na hora de conhecer e tirar proveito dos seus benefícios. Com base na experiência acumulada ao longo de mais de quatro décadas, e depois de ter examinado e tratado mais de 300 mil pacientes, o Dr. Hiromi Shinya desenvolveu uma terapia baseada na geração corporal de uma enzima vital, à qual chamou a enzima prodigiosa. Esta enzima, com o poder de reparar as nossas células, é a chave para a saúde e a longevidade. Desmascarando os mitos e os erros mais comuns do estilo de vida contemporâneo, este livro revolucionário propõe um regime alimentar detalhado rumo a uma vida longa e saudável. 
Título original: The Enzyme Factor - How To Live Long and Never Be Sick
O autor
O Dr. Hiromi Sinya, médico de nacionalidade japonesa, é célebre pelos progressos feitos no campo da cirurgia colonoscópica, tendo realizado a primeira cirurgia ao cólon sem incisão abdominal. É médico dos membros da família real e de altos funcionários do governo japonês. Dirige a Unidade de Endoscopia Cirúrgica do prestigiado Centro Médico Beth Israel, em Nova Iorque, é professor de Cirurgia Clínica da Faculdade de Medicina Albert Einstein, na mesma cidade, e é orador em numerosas conferências internacionais. Depois de quatro décadas de experiência, continua a exercer actividade clínica, tanto nos Estados Unidos da América como no Japão.  

Livro de Demi Lovato em breve nas livrarias


Livro de Demi Lovato, Staying Strong: 365 Days a Year, é um sucesso de vendas nos EUA e Brasil. Nos próximos dias estará já nas livrarias portuguesas, sob uma edição da Sinais de Fogo.
https://www.facebook.com/sinais.fogo

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

«Os Melhores Contos Espirituais do Oriente», de Ramiro Calle

Ano de Publicação (3.ª edição): 2009
N.º de Páginas: 432

Ramiro Calle, considerado um dos mais importantes escritores orientalistas de Espanha, coligiu em mais de setenta viagens à Asia, 250 dos melhores contos orientais que têm sido passados de geração em geração ao longo dos séculos. Estas narrações são carregadas de profundo significado espiritual e são capazes de transmitir em poucas palavras o essencial dos mais nobres ensinamentos. Os contos são testemunhos inapagáveis que os grandes mestres espirituais foram transmitindo e fazem reminiscência a diversas tradições, tais como o Budismo, Zen e Taoísmo. A cada uma destas curtas histórias que fazem menção a temas como a felicidade, o autoconhecimento, a amizade, a ignorância, a avareza, a impaciência, a compaixão, etc., o autor acrescentou um breve comentário moral, uma lição a se tirar de cada uma. Os contos podem ser lidos e relidos, abrindo qualquer uma das 432 páginas de Os Melhores Contos Espirituais do Oriente ao acaso. As histórias são protagonizadas por personagens como reis, sábios, eremitas, profetas, animais que encarnam os diferentes comportamentos dos seres humanos, e nos permitem analisar e resolver contratempos que possam ocorrer em situações do quotidiano. Ramiro ensina-nos nas suas deixas morais, por exemplo, como deixar os apegos («O apego limita-nos, assassina a nossa essência e rouba-nos a liberdade interior», «O desapego é uma atitude mental»), para podermos ser mais benevolentes e fiéis connosco mesmos.
Em suma, através de pequenas histórias, simples mas cheias de significado, o caminho espiritual é-nos nesta obra revelado. Os Melhores Contos Espirituais do Oriente é um dos quatro livros que em Portugal a A Esfera dos Livros publicou de Ramiro Calle, e vai já na sua 3.ª edição.


Excertos:
«Frequentemente nas nossas vidas, de forma impensada e por falta de entendimento, preocupamo-nos e ocupamo-nos do banal, descuidando do essencial, deixando-nos prender nas redes mentais da ilusão e da confusão.» (p. 33)
«Para os sábios do Oriente, o pensamento e as atitudes mentais têm um grande poder, porque a mente é o fundamento de tudo. Tal como pensamos, assim somos. Os pensamentos tendem a transformar-se em estados de ânimo e em acções. Este conto evidencia a importância da atitude interior, que é, no fim de contas, a que vai decidir a maneira de ser e de proceder.» (p. 116)