quarta-feira, 6 de julho de 2016

«Sexo, a quanto obrigas!», de Vasco Prazeres

Data de publicação: Maio de 2016
N.º de páginas: 160
A sexualidade é uma prioridade na nossa existência. Uma vida sexual satisfatória e saudável faz parte integrante da lista de projectos pessoais de qualquer pessoa. Esta é uma das possíveis razões pelas quais cada vez mais os livros sobre sexo são procurados nas estantes das livrarias, tenham eles teor técnico, humorístico ou erótico. Muitas são as estratégias de marketing que as editoras usam para atrair este público-alvo. A palavra sexo quando está estampada no frontispício de um livro (muitas vezes com as quatro letras preenchidas a negrito ou com uma cor encarnada), só por si, vende.
O novo livro do médico e sexólogo Vasco Prazeres (n. 1955), compila 12 crónicas ficcionadas que têm como denominador comum «essa coisa a que chamamos sexo». Todas partem da experiência do autor em contexto de consulta, e os factos foram alterados pelo próprio, salvaguardando, assim, a privacidade dos intervenientes.
A história que abre as páginas de Sexo, a quanto obrigas! tem como protagonista um homem de setenta anos que sofre de impotência sexual, e que foi forçado pela esposa a procurar ajuda médica — aliais, nestas histórias, a maioria dos pacientes do sexo masculino que vão às consultas não têm a iniciativa; vão obrigados pelas companheiras que a eles lançam ultimatos do tipo: «ou pedes ajuda, ou o nosso casamento fica por aqui». Esta primeira crónica, embora aborde um assunto sério, é uma das mais divertidas que constam no livro; está escrita em forma de diálogo, e revela a confusão de ideias que deambulam pela mente do senhor Martins (nome fictício, tal como os restantes), um homem que parece não se dar conta que é ele o paciente, quem possui uma disfunção e que necessita de apoio terapêutico/médico. Ele é apenas um dos que fingem que a consulta não é para ele.
Outra crónica que reflecte bem o quão importante é a vida erótica e sexual, diz respeito a um casal que sempre se entendeu bem na cama, mas por outros motivos se divorciaram. Após anos separados voltam a se relacionar sexualmente, com o pormenor de que agora são amantes, cada um mantendo relacionamentos.
Duas pequenas narrativas, dois vislumbres do que o leitor pode encontrar nesta obra escrita de forma simples e objectiva, sem preâmbulos nem eufemismos, que compila uma dúzia de relatos ficcionados, que fazem-nos pensar em episódios das nossas vidas relaccionados com esta área da vivência humana tão imprescindível para o bem-estar e a saúde geral.
Salientar que as histórias de Sexo, a quanto obrigas! vão perdendo algum dos seu brilho e cativação nas últimas cinco crónicas, onde o autor, embora tenha alguns livros já publicados, e escrever recorrentemente para a imprensa, consegue com esforço prender o leitor interessado. Histórias com menos ficção e mais verossimilança, seria um dos pontos que, quiçá, poderia tornar o livro mais sedutor.

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